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Mostrando postagens com o rótulo reflexão

A jornada "clichê" do herói

Já percebeu que vários heróis da ficção, e diversos personagens do mundo antigo, frequentemente apresentam algumas características em comum? Já imaginou qual poderia ser a razão disso? Pois bem, aqui você irá conhecer o legado de Joseph Campbell para as ficções e finalmente por um fim em todas essas dúvidas. O herói de mil faces  tornou-se um livro de referência aos escritores. Campbell, no entanto, era estudioso e teórico da mitologia. Nessa obra, especificamente, ele buscou apresentar conceitos que os heróis mitológicos compartilhavam em comum, mas acabou trazendo à luz uma fórmula que seria utilizada por diversos contadores de histórias, no decorrer das mais diversas épocas: a jornada do herói. A jornada do herói. Disponível em:  https://expertdigital.net/a-jornada-do-heroi-pode-levar-seu-marketing-de-conteudo-a-novas-alturas/#gsc.tab=0 . Acesso 19 jun. 2020. A jornada do herói começa no mundo como conhecemos, ou como nos é apresentado na narrativa. O herói arquétipo, figur...

As personagens da ficção

"As vidas que compõem os textos" 31 de maio de 2019 As personagens representam um dos pontos centrais de qualquer narrativa. É através delas que o escritor cria uma ligação de verossimilhança, e de aproximação, entre sua história e o seu leitor. Por essa razão, é importante discutir como podemos imaginar bons personagens e, acima de tudo, criar seres condizentes às nossas propostas. Segundo Antonio Candido*, François Mauriac** propõe uma classificação um pouco diferente das personagens do romance, já que leva em consideração o seu nível de distanciamento e de proximidade, a partir do ponto de partida da personagem, com a realidade que o autor tenta supor. Esta classificação é feita da seguinte forma: Personagens Memorialistas : disfarce leve do romancista; Personagens Retratistas : cópia fiel de pessoas reais; Personagens Inventadas : a partir de um trabalho de tipo especial sobre a realidade. Pessoalmente, acredito que todos os personagens partem de algum traço íntimo de se...

Sem futuro

Um dos pensamentos que mais aterroriza um adolescente é escolher um futuro profissional, ainda mais quando procuramos alcançar, através do emprego, um certo "equilíbrio financeiro". Comigo não foi diferente, mas devido as minhas inúmeras limitações, eu não podia almejar lá grandes coisas. Eu precisava de um emprego em que não precisasse decorar nada, pois tenho uma péssima memória. Na escola isso me prejudicava bastante, principalmente nos dias de prova, quando parecia que um dos Homens de Preto vinha especificamente apagar tudo o que eu havia decorado. Minha falta de memória também sempre me prejudicou na vida pessoal. Após anos sem ver o rosto de alguém, e sem pronunciar o seu nome, eu simplesmente me esqueço da pessoa. Até hoje muitos me cumprimentam na rua, mas nem sempre consigo lembrar de onde provavelmente conheço aquele(a) indivíduo(a). Eu também não poderia ter uma profissão onde precisasse ter contato com pessoas enfermas. Manejar uma agulha na...

Plágio

Naquela época eu não fazia ideia do que era um plágio, tão pouco que isso era considerado crime. Posso hoje julgar-me culpada pelo ato, mas quando plagiei aquele texto, eu não fazia noção de que estava cometendo uma violação de ordem pública... Não sei qual idade eu tinha quando o fato realmente aconteceu, mas creio que já possuía mais de 10 anos. Como sempre fui retida nos livros, todos sempre acharam que meu potencial estava mesmo nos estudos e que, pela minhas proezas criativas, eu tinha total capacidade legítima de fazer qualquer atividade intelectual de grande valia como, por exemplo, escrever um lindo texto de paz e reflexão. Então em um dia qualquer, enquanto eu rabiscava alguma coisa em um dos meus trocentos cadernos, minha mãe se animou ao ler um texto em minhas coisas. Eu havia copiado esse texto de um cartão comemorativo que, por sua vez, não tinha nome do autor ou qualquer referência do mesmo. Não me lembro se a alertei sobre esse detalhe, ou se simplesmente ...

Ajudante da professora

Não é que minha infância tenha sido diferente da do resto do mundo, mas o fato é que eu nunca me senti alguém normal. Ainda no pré-escolar, haviam outras 32 crianças que estudavam comigo. A cada dia do mês, dependendo da ordem alfabética da lista de chamada, um(a) aluno(a) era escolhido(a) para ser ajudante da professora . As tarefas de um ajudante eram simples: apagar o quadro negro; buscar água para a professora; garantir que os colegas de classe voltassem para a sala após o recreio; e outras tarefas simples como essas. Meus colegas de classe viam no fato de ser ajudante uma oportunidade de serem mais "respeitados". Era como se tornar o braço direito da xerife em uma região de desigualdades. Ser elegido como ajudante era equivalente a ser condecorado, pelo próprio presidente da república, com uma medalha por salvar a pátria. Entretanto, eu não pensava da mesma forma. Para mim, era um verdadeiro castigo ser ajudante da professora! Quando cr...

E-mail para o céu

Vovó, Eu passei dias tentando criar coragem para te escrever algo. Não sei exatamente o porque, embora os motivos possam ser suficientes para ti, mas minha mente travou de tal maneira que até repensei se deveria mesmo te escrever algo. Só tomei a decisão de fazê-lo, devo dizer, por que talvez não me perdoasse de não fazer algo a respeito dessa saudade desmedida. Enfim... Bem, os dias aqui estão estranhos. É triste sentar ao sofá, ao alcance de onde sempre assistíamos TV, sem que esteja lá para me colocar a par das novidades nas novelas. Apesar do vazio, a sensação que tenho é que vou despertar de um cochilo a qualquer momento, e que ao abrir os olhos a senhora vai estar lá, rindo da minha desorientação. Talvez esse reencontro até aconteça um dia, mas espero estar velha também para que possamos dessa vez trocar experiências mais maduras. Suas filhas estão bem mais tristes, mas eu acho que é porque elas conviveram muito mais tempo contigo do que eu. Na verdade, talvez elas...