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Mostrando postagens com o rótulo comédia

Sem futuro

Um dos pensamentos que mais aterroriza um adolescente é escolher um futuro profissional, ainda mais quando procuramos alcançar, através do emprego, um certo "equilíbrio financeiro". Comigo não foi diferente, mas devido as minhas inúmeras limitações, eu não podia almejar lá grandes coisas. Eu precisava de um emprego em que não precisasse decorar nada, pois tenho uma péssima memória. Na escola isso me prejudicava bastante, principalmente nos dias de prova, quando parecia que um dos Homens de Preto vinha especificamente apagar tudo o que eu havia decorado. Minha falta de memória também sempre me prejudicou na vida pessoal. Após anos sem ver o rosto de alguém, e sem pronunciar o seu nome, eu simplesmente me esqueço da pessoa. Até hoje muitos me cumprimentam na rua, mas nem sempre consigo lembrar de onde provavelmente conheço aquele(a) indivíduo(a). Eu também não poderia ter uma profissão onde precisasse ter contato com pessoas enfermas. Manejar uma agulha na...

Plágio

Naquela época eu não fazia ideia do que era um plágio, tão pouco que isso era considerado crime. Posso hoje julgar-me culpada pelo ato, mas quando plagiei aquele texto, eu não fazia noção de que estava cometendo uma violação de ordem pública... Não sei qual idade eu tinha quando o fato realmente aconteceu, mas creio que já possuía mais de 10 anos. Como sempre fui retida nos livros, todos sempre acharam que meu potencial estava mesmo nos estudos e que, pela minhas proezas criativas, eu tinha total capacidade legítima de fazer qualquer atividade intelectual de grande valia como, por exemplo, escrever um lindo texto de paz e reflexão. Então em um dia qualquer, enquanto eu rabiscava alguma coisa em um dos meus trocentos cadernos, minha mãe se animou ao ler um texto em minhas coisas. Eu havia copiado esse texto de um cartão comemorativo que, por sua vez, não tinha nome do autor ou qualquer referência do mesmo. Não me lembro se a alertei sobre esse detalhe, ou se simplesmente ...

Ajudante da professora

Não é que minha infância tenha sido diferente da do resto do mundo, mas o fato é que eu nunca me senti alguém normal. Ainda no pré-escolar, haviam outras 32 crianças que estudavam comigo. A cada dia do mês, dependendo da ordem alfabética da lista de chamada, um(a) aluno(a) era escolhido(a) para ser ajudante da professora . As tarefas de um ajudante eram simples: apagar o quadro negro; buscar água para a professora; garantir que os colegas de classe voltassem para a sala após o recreio; e outras tarefas simples como essas. Meus colegas de classe viam no fato de ser ajudante uma oportunidade de serem mais "respeitados". Era como se tornar o braço direito da xerife em uma região de desigualdades. Ser elegido como ajudante era equivalente a ser condecorado, pelo próprio presidente da república, com uma medalha por salvar a pátria. Entretanto, eu não pensava da mesma forma. Para mim, era um verdadeiro castigo ser ajudante da professora! Quando cr...