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Meu caro Cético,
Primeiramente, quero me desculpar pela demora em escrever. Tenho estado bem atarefada nesses últimos meses. E, além das obrigações domésticas e religiosas, nesses derradeiros dias estive um pouco adoentada. Sofro com alguns problemas de pressão, sou hipertensa, e de vez em quando isso me ataca e me derruba por alguns dias.
Quando restaurada a minha saúde, li sua carta e confesso ter me surpreendido sobre a sua curiosidade a respeito da vida de Cristo*. A jornada de Jesus é mesmo inspiradora. É muito raro encontrar pessoas que realmente estejam dispostas a entregar suas vidas pelo bem de outras pessoas. Isso é, antes de tudo, um símbolo máximo do que se poderia chamar de "altruísmo", ainda que seja apenas o "clímax" de Seu verdadeiro sacrifício.
Na verdade, o sacrifício de Cristo se estende durante toda a Sua vida. Diante das perseguições, angústias e humilhações que enfrentou, fica claro que Ele jamais esteve 100% confortável enquanto viveu como homem entre nós. E em pensar que tudo o que sofreu foi por causa de nossos pecados... Às vezes, ao pensar nisso, sinto até vontade de chorar. Apenas um grande amor faria alguém suportar tudo o que Ele suportou.
Mesmo assim, sei que ainda tem gente que cria uma imagem de Jesus que não corresponde ao que está escrito. Na semana passada, por exemplo, uma irmã da igreja me perguntou por qual razão o Velho Testamento "ainda" constava na nossa Bíblia já que o Cristo, segundo ela, veio para "mudar tudo". As respostas que lhe dei foram simples e complexas ao mesmo tempo: a) porque todas as histórias da Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, são sobre Cristo e b) porque Jesus não veio mudar a Lei, mas sim cumpri-la. Nessa carta, por enquanto, exemplificarei apenas a minha primeira resposta (a fim de evitar que eu me estenda muito).
Em Gênesis 3:14-15, temos a primeira profecia a respeito da vinda de Cristo para esse mundo. Acontece depois que Adão e Eva comem do fruto proibido, no momento em que, para repreender a serpente que os influenciou ao pecado, o próprio Deus profetiza que da mulher nasceria Aquele que feriria a serpente na cabeça, muito embora Ele também fosse ferido pelo calcanhar. Nesse momento, o Pai falava sobre o Filho Unigênito que um dia viria a terra cumprir a Sua vontade e salvar a humanidade da condenação eterna (promovida pelo Pecado Inicial).
No decorrer do Velho Testamento, vieram muitos profetas dizendo o mesmo. Dentre eles, destaco Isaías. Na minha última carta, inclusive, falei a respeito do capítulo 53 de seu livro. Se puder, Cético, sugiro que leia as suas palavras, ainda que seja para compreender o que estou dizendo. Assim você verá que é nesse trecho, especificamente, que o profeta anuncia com muita clareza a vinda do Cordeiro de Deus (como Jesus também é conhecido), além de fazer uma linda descrição dEle e de Seus caminhos sobre a terra.
Séculos depois vem um profeta ainda contemporâneo a Jesus chamado João Batista. A Bíblia diz que ele batizava e pregava a vinda do Messias nas margens do Jordão quando, em um belo dia, Cristo veio ao seu encontro. Além de batizá-Lo, Batista Lhe aponta como "o Cordeiro de Deus" e Aquele que "tira o pecado do mundo". Além disso, ele revela que Jesus é superior àquele que o batizou, porque já existia mesmo antes dele nascer (João 1:29-30).
A profecia do Batista corrobora com o evangelho de João que, anos depois da morte de Cristo, viria a escrever que Jesus foi a encarnação do "verbo" (mencionado em Gênesis 1), a palavra por meio da qual Deus criou todas as coisas que existem (João 1). E para finalmente concretizar os planos do Pai para redenção da humanidade, assim como Jesus esteve no início e no meio da história, Ele também estará no final.
Por fim, no livro do Apocalipse, Jesus se faz totalmente presente. Ele é o Rei exaltado (Apocalipse 1-3), o Cordeiro glorificado pelo sacrifício (Apocalipse 4-5) e também Aquele que quebra os selos que trazem o fim do mundo (Apocalipse 6). Com isso é incontestável, portanto, que Jesus está presente em toda a Bíblia (mesmo antes de vir ao mundo).
Ciça Ribeiro,
6 de dezembro de 2015.
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* Depois de ler a carta intitulada "Servir no deserto", Cético abandonou a ideia de questionar Dona Ciça a respeito do Inimigo da sua fé. Ao invés disso, quis saber mais a respeito de Jesus e, portanto, enviou uma carta para sua amiga com alguns questionamentos sobre a figura do Homem Deus.
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