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Não sei dizer por qual razão, mas confesso que já imaginava sua reação. De alguma forma, meu amigo, eu sabia que essa parte da história te encheria de entusiasmo e perguntas*. Veja como é curiosa a mente humana. Mesmo você, do alto da sua incredulidade, demonstra interesse a respeito de uma guerra espiritual que sequer pode ver.
Como afirmei anteriormente, Cético, não sou a melhor pessoa para falar a respeito do Inimigo. Seria até contraditório de minha parte, acredito, escrever sobre ele. Menciono o meu milagre em particular, pois foi para isso que Deus me chamou. Sou testemunha do Pai e somente por Ele (e para Ele) é que hoje sirvo. Mesmo sem falar no Diabo, entretanto, ainda assim acredito que talvez valha a pena refletir a respeito do orgulho em sua personalidade, visto que esse traço é o mesmo que faz perecer a muitas pessoas nesse mundo diariamente.
As pessoas usam com frequência a expressão. Falam "tenho orgulho do que conquistei", "tenho orgulho da minha filha" ou "tenho orgulho do meu país". Na verdade, acho que essa palavra, quando aplicada no contexto desses exemplos, é utilizada mais por costume do que por significado. Esse orgulho, a meu ver, diz respeito a "satisfação" pessoal, uma alegria que não deixa de partir de um sentimento nobre (ainda que perigoso por beirar à soberba).
O orgulho está por trás dos maiores pecados da humanidade. C. S. Lewis, por exemplo, o chamava de "câncer espiritual", e dizia que ele é "a galinha sob a qual todos os outros pecados são chocados". Eu particularmente concordo com Lewis. No orgulho se baseia a soberba (o "não preciso de ninguém"), a prepotência (o "ninguém é melhor do que eu") e a vaidade (o "tenho tudo o que quero"). O orgulho envenena a nossa alma, nos afasta de tudo o que é bom, cria rivalidades, inimizades, e por isso acaba nos separando do Pai.
Foi por orgulho que Adão e Eva comeram do fruto proibido, pois a serpente lhes disse que provar dele os faria igual a Deus. Ora, se Eva e Adão não quisessem ser como Deus, em sabedoria e até mesmo em poder, o Pecado Original jamais teria nos afastado do Reino do Pai. Porque o orgulho não une, apenas separa. O orgulho não respeita, apenas impõe. O orgulho não perdoa, apenas desdenha. O orgulho não salva, apenas condena. Ora, mas o que é então o orgulho? Penso: é o que antecede todas as quedas (foi assim desde o princípio, e será até o final dos tempos, tanto na terra quanto no Céu).
O orgulho está por trás da arrogância de um filho que zomba dos conselhos de seus pais porque se considera muito mais sábio do que eles. O orgulho está por trás das ilegalidades, da malícia de pessoas que se consideram acima do bem o do mal. O orgulho está por trás dos que traem, porque tudo nele se resume ao "eu" ("Todos têm fazer o que eu faço"; "Só eu sei o que é melhor para mim"; "Apenas a minha opinião importa"). Não é isso o que Deus quer de nós e é por isso que, para nos salvar, Ele precisa destruir todo o nosso orgulho primeiro. Porque apenas o orgulhoso acredita que pode salvar a si mesmo, ou que ele em si se basta.
Qual o avesso do orgulho senão a humildade? E qual o maior símbolo da humildade senão o servir ao próximo? Jesus dizia que quem quiser se tornar grande, aos olhos do Pai, deverá primeiro ser aquele que serve a todos (Marcos 10: 43-45), porque "a humilde precede a honra" (Provérbios 18:12). Muitas pessoas têm associado a humildade com a pobreza material, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Humildade é estar disposto a abrir mão de tudo, até mesmo de sua própria vida e das coisas que o mundo oferece, para fazer a vontade do Pai (Colossenses 3: 23-24).
No final das contas, Cético, penso que o Diabo tem domínio sobre o câncer espiritual, os pecados do mundo que podem nos separar do Pai. Cabe a nós, enquanto cristãos, renunciar a ele e fugir de suas armadilhas. Para caminhar em direção à Deus devemos ser humildes, deixar o orgulho, e tudo o que ele implica, para trás.
Ciça Ribeiro,
19 de junho de 2015.
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* Depois de ler a carta intitulada "A proteção na guerra", Cético demonstrou interesse repentino na figura do Diabo que a Dona Ciça caracterizou na ocasião. Na carta que enviou para ela, ele se mostrou tão entusiasmado com a premissa da guerra espiritual que encheu a pobre mulher de perguntas a esse respeito.
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