No final de julho de 2024, em um dia nublado, recebi uma mensagem do meu velho amigo Cético. Tente não fazer tantas conjecturas sobre o significado de seu nome, caro leitor, pois a amizade de Cético é um bem que conservo desde a minha infância. Embora ele tenda a se mostrar um pouco mais irritante do que eu costumo ser, temos a mesma idade e ambos conservamos a mania de formular perguntas que não possuem respostas tão óbvias. Mesmo assim, depois que Cético se mudou para outra cidade, nunca mais tive notícias dele. Foi por isso que, na mesma hora em que recebi a sua mensagem, deixei tudo o que estava fazendo para respondê-lo.
No texto, Cético explicava que queria falar comigo e, conforme concordei em conversar com ele, logo recebi sua ligação. Ele falou que soube por terceiros que me tornei escritora e perguntou se eu tinha interesse em contar uma história em particular. Curiosa, eu lhe disse que precisava saber mais a respeito dessa tal "história" para tomar uma decisão... E foi então que Cético me contou tudo.
No auge de seus 19 anos, Cético teve um encontro com uma figura ímpar: a Dona Ciça Ribeiro. Ela era uma mulher idosa, ele me garantiu, e uma antiga conhecida de sua avó que, conforme percebeu seu ateísmo, decidiu lhe mandar cartas sobre questões religiosas que Cético julgava não fazerem sentido. Ao que parecia, esta mulher tinha uma daquelas determinações raras, digna de quem investe seu tempo e esforço contínuo em nome daquilo em que acredita. Havia falecido recentemente, ele me disse, e deixou apenas as tais cartas como recordação.
Escutei essa história sem entender em qual momento eu me encaixava nela até que, de repente, Cético me contou seu plano. Ele queria que eu publicasse cada uma das cartas que Dona Ciça lhe enviou como uma forma de homenageá-la. E eu, desconfiada sobre a qualidade de seus textos, decidi que precisava ler ao menos algumas delas para ver se o conteúdo realmente teria algum potencial. Meu antigo amigo, então, me mandou as cartas pelo correio e assim pude comprovar o quão espetaculares eram.
Por fim, concordei em participar do projeto e perguntei a Cético como ele preferiria que eu fizesse a publicação desse conteúdo, se achava que poderia ser um livro ou qualquer coisa parecida. Ele me disse que talvez não precisasse ser algo assim tão formal, até porque não queria que nada fosse modificado e que absolutamente tudo fosse compartilhado de um modo que qualquer pessoa pudesse ter acesso. Foi então que lhe sugeri o meu blog e Cético concordou que esse formato era perfeito.
É por isso que então, caros leitores, serão postadas nos próximos dias as cartas da Dona Ciça Ribeiro. Desde já alerto que o seu conteúdo foi conservado do original, mas que precisei fazer alguns pequenos ajustes em relação a ortografia (ela cometeu erros bobos do ponto de vista da norma culta, algo que acredito que tenha feito inconscientemente). Permiti-me criar pequenas notas ao final de cada carta sempre que sentisse a necessidade de elucidar mais o contexto delas.
Não pretendo enumerar as cartas numa ordem capitular, entretanto, pois penso que cada uma delas trate de um assunto específico que não as torna, necessariamente, subordinadas umas as outras. Mesmo assim decidi criar um sumário na página destinada a esse projeto, apenas para que o leitor não perca um tema que julgar interessante (pois outros conteúdos serão postados em paralelo a esse projeto). Para ter acesso ao sumário, CLIQUE AQUI!
No geral, finalmente, espero que apreciem o conteúdo das cartas, pois realmente creio que são inspiradoras.
Alane Moura,
13 de agosto 2024.
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