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Havia um cristão, cujo nome agora não me lembro, que certa vez disse: "de cem homens, um lerá a Bíblia; noventa e nove lerão o cristão"*. Veja quão assertiva é essa colocação, pois até mesmo na minha igreja realmente vemos muito disso. Muitas pessoas sequer leem a Palavra, mas estão sempre de olho na vida de seus irmãos e irmãs. São ignorantes do evangelho, sequer conseguem dizer quem escreveu Eclesiastes, mas sabem com quantas pessoas o fulano se relacionou, quantas vezes a cicrana vestiu aquela blusa ou o que o beltrano fazia antes de se converter.
Como se não bastasse essa situação, algumas pessoas já me falaram que desistiram da vida em Jesus, e deixaram de participar da nossa comunhão, por causa de atitudes incoerentes ou hipócritas de certos "cristãos". Entendo-as, mas discordo inteiramente da sua premissa. Afinal elas falam como se julgar os atos dos irmãos da igreja fosse mais importante do que adorar à Jesus (a verdadeira motivação da nossa união). Até porque, no final das contas, essas pessoas não são tão diferentes daqueles que lhes julgam. É sempre um tentando estar mais certo do que o outro, ou seja, puro orgulho e vaidade.
Isso acontece porque muitas pessoas têm dificuldade de entender algo bem simples: o cristão não é uma pessoa perfeita, completamente livre de pecados ou incapaz de errar. Na verdade, muito pelo contrário! Se nós estamos sempre buscando a Jesus, e tentando seguir Seus ensinamentos, é porque temos consciência de que somos falhos e pecadores e que precisamos de Cristo para nos arrepender, sermos perdoados e verdadeiramente salvos. Quem usa as ações humanas para justificar sua rejeição à comunhão com Deus, para mim, certamente não é alguém coerente. É, na verdade, uma pessoa de bem pouca fé.
Para entender como a nossa relação com Cristo realmente deve funcionar, meu amigo, sugiro que pense em uma analogia muito simples: imagine que você está subindo uma escada carregando um copo de água cheio, quase transbordante. Nessa subida, se você por acaso perder o foco do copo, mesmo que por um milésimo de segundo, sabe que é inevitável que a água derrame pelo caminho. É exatamente assim que funciona a nossa comunhão com Deus, meu amigo: se você perde Jesus do foco, mesmo que por um milésimo de segundo, é quase certo que deixe escapar a sua salvação.
Daí vem a importância da nossa comunhão. Eu sei que hoje em dia existe uma conduta "anti-igreja" no mundo (um mérito do Diabo, a meu ver, pois até ele entende que a reunião de irmãos e irmãs em nome de Deus é altamente perigosa para os seus empreendimentos), mas entenda o que a instituição deve ser: o corpo de Cristo, ou seja, a Sua extensão. Precisa ser um local de acolhimento, um lugar que oferece às pessoas a oportunidade de encontrar (ou de reencontrar) esse foco que, muitas vezes, perdemos durante o nosso caminho. Eu acredito que na igreja, e até mesmo perante Deus, somos todos iguais: pecadores em busca de redenção. Aquele cristão que não se sente assim, certamente, não se olha muito no espelho e, ao invés de procurar a cura para os seus próprios defeitos, prefere julgar as falhas dos outros. Essas pessoas realmente precisam se arrepender da sua hipocrisia.
Enfim, Cético, não é fácil para um cristão seguir sempre inabalável com sua fé. Lembra-se do que falei sobre a peregrinação dolorosa, as tentações do Diabo, e tudo o mais? Pois então: são provas de que sempre teremos atitudes e pensamentos inadequados que precisam ser reprimidos para que sejamos fiéis na fé e verdadeiramente salvos em Cristo. Mesmo assim espero que tenhamos sempre ânimo para nunca desistir e acreditar nesse poder de união. Afinal Jesus é a água da vida, uma fonte inesgotável de amor (João 4:13-14). Se buscarmos nos arrepender, Ele certamente preencherá o nosso copo na subida dessa escada. Rezo para que, uma vez de copo cheio, possamos nunca mais sentir sede novamente ou, em outras palavras, possamos nunca mais sentir a vontade de pecar.
Ciça Ribeiro,
19 de setembro de 2016.
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* [Nota da Edição]: de acordo com as nossas pesquisas, esse homem é Dwight Lyman Moody (1837-1899), mais conhecido como D. L. Moody, um evangelista norte-americano.
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