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Meu caro Cético: Epílogo

Design: @alanemouras Minha cara amiga*, Só você para me fazer escrever uma carta em meio a uma era digital. Um e-mail, confesso, seria mais prático. Entretanto é verdade que enxergo na escrita a próprio punho um charme especial. É um exercício que exige atenção redobrada e um foco intenso, pois qualquer deslize da caneta ou qualquer merda distração pode acarretar um erro que nos fará voltar para uma estaca zero. É algo parecido com a vida, na verdade, a qual uma simples decisão equivocada pode causar um efeito aterrador e repercutir pelo resto de nossa existência. Se bem entendi sua proposta, devo dizer aqui o que mais ou menos achei de toda essa experiência com as cartas de dona Ciça. Para fazer isso, entretanto, peço que primeiramente permita-me dizer o quanto passei a admirar essa mulher durante todos esses anos em que nos comunicamos. Ainda que eu não concordei com ela, ou que apenas não consiga enxergar a vida sob uma ótima parecida com a dela, devo dizer que as suas cartas me fiz...
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Meu caro Cético: a jornada termina

Design: @alanemouras Meu caro Cético, Esperei, durante algum tempo, por perguntas suas antes de escrever essa carta*. Porém, como novas questões não chegaram até mim, arrisquei-me a propor esses últimos parágrafos para encerrar essa história. Eu imagino que você esteja farto desse tipo de leitura. Garanto, para tranquilizá-lo, que a minha intenção hoje é encerrar de uma vez por todas esse ciclo, ainda que encontre alguma dificuldade para pensar no que efetivamente devo dizer. Por causa disso, estive rascunhando várias páginas em branco, até que enfim me surgisse uma ideia oportuna que me inspirou: e se essa fosse a última oportunidade que tenho de falar a alguém que amo, o que eu lhe diria? Essa não é uma questão fácil, meu caro. Creio que o pior castigo do ser humano foi ter perdido a sua eternidade. Até porque, se todos tivessem a certeza do "sempre", não precisaríamos nos preocupar com um mero "até logo". Mesmo para nós cristãos, que acreditamos na eternidade com...

Meu caro Cético: o grande dia

Design: @alanemouras Meu caro Cético, Veja como são as coisas. Na última carta, fiquei responsável por elaborar uma mensagem derradeira, mas agora cá estou eu tentada a escrever algumas palavras. É que há dois meses descobri que estava infectada pelo vírus mortal que anda aterrorizando o mundo inteiro*. Ainda estou isolada, mesmo sem apresentar sintomas da doença, devido a orientações médicas. Os doutores acreditam que pessoas idosas que possuem os chamados "fatores de risco", assim como eu, podem estar mais propensas a sofrer as mais trágicas consequências dessa infecção. Assim, meu amigo, posso te dizer que me sinto bem apesar de tudo. Pela graça de Deus, pude realizar o meu tratamento em casa. Mantive-me isolada durante os últimos dias, presa sozinha em meu quarto apenas para evitar também a infecção de outros membros da família, mas nesse período de silêncio comecei a pensar em escrever uma penúltima carta. Uma carta cujo conteúdo deveria explicar novas angústia que me su...

Meu caro Cético: sede de eternidade

Design: @alanemouras Meu caro Cético, Nesses últimos dias, tenho pensado muito sobre essas cartas que há tanto tempo procuro enviá-lo assim, indefinidamente. Você deve ter notado, inclusive, que a própria frequência com que as escrevo diminuiu consideravelmente nos últimos dois ou três anos. A verdade é que a inspiração tem me surgido muito devagar, pois meus velhos neurônios já não trabalham do mesmo jeito... Agora eles caminham preguiçosamente pelo avançar da idade. Além disso, às vezes os dias nublados nos fazem questionar até mesmo as pequenas coisas, ou melhor, "principalmente" as pequenas coisas. Pergunto-me, afinal, se é chegada a hora de colocar um justo ponto final nessa história. Não se preocupe. Acho que esse ainda não é o fim. Sequer planejei um desfecho digno, ou uma última mensagem que vale a pena ser mencionada. Penso que, assim como os passarinhos recebem de Deus a sabedoria de entender quando é a hora de partir em revoada, do mesmo modo também saberei quando ...

Meu caro Cético: acolhidos pela fé

Design: @alanemouras Meu caro Cético, Essa semana, na igreja, reencontrei aquela irmã que por muitas vezes não obteve as respostas de Deus para o que buscava através de orações sinceras*. Ela me chamou para conversar na saída da celebração e me contou o que passou desde que conversamos. Segundo me confirmou, o problema que estava enfrentando com seu filho parecia se encaminhar à resolução nas mãos do nosso Senhor. No mesmo instante, a abracei e nos prostramos de joelhos no chão. Oramos em comunhão uma reza de agradecimento, com a qual nos sentimos verdadeiramente acolhidas por uma sensação de paz que somente a fé em Deus poderia nos proporcionar. Veja, meu amigo, que muitas vezes o obstáculo da vida cristã está mais na ansiedade pela resolução do problema do que, necessariamente, no próprio problema em si. Quando na agonia, no momento em que mais precisamos nos voltar ao Pai, acabamos perdendo o foco em Deus e desejamos que as soluções apareçam ao nosso tempo, como em um piscar de olho...

Meu caro Cético: a voz do silêncio

Design: @alanemouras Meu caro Cético, É bem verdade que raramente tenho conseguido focar em escrever. Não pense que o hábito de compor em próprio punho, ou mesmo a vontade de falar a respeito do meu Salvador, de alguma maneira possa ter arrefecido em meu peito. A alegria de propor essas linhas, bem como a oportunidade de falar sobre Deus e as Suas promessas, nunca esteve tão vívida dentro de mim. O que acontece é que, conforme a idade avança e a experiência chega, a gente se pega refletindo bastante sobre a importância da Palavra e também o valor do silêncio. Esse tema, inclusive, me lembra do livro de Salmos, principalmente dos momentos em que o rei Davi menciona com angústia o silêncio do Altíssimo em instantes de grandes aflições e tribulações (Salmo 13:1-2; 22:1). Essas palavras vindas de alguém que foi descrito como um "homem segundo o coração de Deus" (Atos 13:22) são no mínimo chocantes, não acha? Mesmo assim, meu amigo, esses salmos não foram retirados da Bíblia e ape...

Meu caro Cético: sobre a herança

Design: @alanemouras Meu caro Cético, Muitas vezes, seguir uma vida digna não é tão simples quanto parece. Em algumas ocasiões, mesmo aqueles que não estão em comunhão com Cristo precisam renunciar o próprio conforto para promover o bem estar de outras pessoas. São assim os melhores médicos, por exemplo, que muitas vezes sacrificam bons momentos ao lado de quem amam para salvar vidas que sequer conhecem. Talvez para esses, e até para outros tipos de profissionais que tem como objetivo zelar pelas pessoas, a intenção não seja clara, mas para os cristãos a razão do bem costuma ser objetiva: no final das contas, a forma como servimos ao próximo e à Deus garantirá o nosso direito à herança prometida. Romanos 8:16-17 reflete de onde vem o nosso direito à herança de Deus. Essa passagem explica, por meio de uma comparação legítima com uma relação familiar, que um filho será por direito o herdeiro de seu pai. Assim, da mesma forma, se nos tornamos filhos de Deus certamente teremos direito à no...