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Arquiteta de ruínas

Uma arquiteta das letras e seus três castelos
12 ago. 2021


Ai, as ruínas do meu templo.

As pedras lodosas e as vigas tortas.

Arquitetura mofada.

Matagal desgrenhado.

Ervas daninhas e flores murchas.

O veneno dos insetos.

Poças de larvas.

Toneladas de lixo.

Miligramas de saudade.

Epílogo ou prólogo?

Início ou fim?

Meio.

Recomeço.

Do verbo faz-se a reconstrução.

Recolhem-se os dejetos na primavera.

Erguem-se as paredes no verão.

Arrancam-se raízes no outono, pois no inverno...

Tudo ao chão!

Ai, as ruínas dos meus versos.

Paro ou recomeço?

Meio.

Vem novo verbo.



Alane Moura,

04 janeiro de 2024.

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