A forma de abordar as mitologias tem sido sempre a mesma. São sempre os mesmos vilões, um mesmo herói chato, uma mesma aventura bem previsível e entediante... Enfim, já estava na hora de conhecermos uma proposta diferente. E "O sangue de Zeus" é essa proposta diferente!
"O sangue de Zeus" é uma animação, bem ao estilo "anime" mesmo, voltada ao público adulto (já que o nível de violência das cenas é bem alto). A proposta do enredo é contar a história de Heron, o típico herói de raízes pobres, morador de uma vila pacata, que tem sua vida completamente mudada após descobrir ser um semideus, filho de uma humana com o deus grego Zeus. Junto a amazona Alexia, ele começa a lutar contra demônios que ameaçam a vida de inocentes e acaba, enquanto isso, desvendando os segredos de sua própria história.
O enredo
Por causa dos muitos heróis semideuses estereotipados como Heron, a série tinha tudo para apresentar mais uma história "meia boca", sem grandes novidades. Porém aí vem a surpresa: a narrativa foi muito bem construída, fiel e nada previsível! O enredo da série nos surpreende a cada novo capítulo, na mesma medida em que cada personagem vai se tornando mais complexo e interessante com o passar do tempo.
Os deuses
Aqui os deuses não são sempre os "good guys" que estamos acostumados a ver, ainda que simpatizemos mais com um do que com outro (o que é natural). Entretanto, havia muito tempo que não via tanta fidelidade a suas personalidades, idealizadas pela mitologia antiga, e as nuances de seres divinos humanizados, ou seja, que erram e acertam quase que com a mesma intensidade de um ser humano comum. É lógico que, porém, as merdas que eles fazem ainda continuam comprometendo a vida de inocentes, mas na história essas merdas não são as únicas ameaças existentes e isso já vale a atenção.
O vilão
Serafim, o principal vilão da série, tem uma origem muito complexa e interessante. Como líder dos demônios, ele tem a postura de um adversário a altura não só dos heróis humanos, mas também daqueles heróis de sangue divino. A origem de seus poderes, e a maneira como foi contada essa origem, são aspectos bem positivos na obra também. Ele é humanizado, fortificado e fragilizado em momentos especificamente apropriados ao acréscimo, na medida certa, de drama na história.
Qualidade da animação
Desenho e design não são as minhas especialidades, mas, de modo geral, posso dizer que a animação é composta de traços bem humildes, pouco ousados, mas bem detalhados e com contrastes de cores bem bonitas (como vocês podem ver acima, as curvaturas nos dedos de Heron, após ele lançar uma flecha, são detalhes bem expressivos). As cenas de ação mais bruscas se fundamentam na movimentação sobre o desenho, bem como na sequencialidade precisa de imagens e de sons, que foram reproduzidos com muita qualidade inclusive, deixando os personagens menos robóticos e mais ágeis.
O Sangue
O sangue que circula no corpo, e que torna divino o nosso herói, também se projeta para fora! A série é sangrenta, porém não de forma exagerada, mas na medida certa. Afinal, a brutalidade do roteiro ajuda a tornar a história mais séria e verossímil. O sangue dos deuses, como sempre, fundamenta o diferencial do herói mitológico mais clássico. O sangue sempre foi um elemento importante nos mais famosos mitos antigos e isso, por mais clichê que pareça, é uma regra pertinente porque simboliza o comprometimento da obra em impor fidelidade as raízes da mitologia.
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