Pular para o conteúdo principal

Liberte sua escrita criativa!

"Livre e mutável como uma borboleta"
24 de fevereiro de 2019

Não é difícil compreender porque muitos escritores acabam por desistir. A pressão psicológica, principalmente a que se desenvolve no nosso próprio subconsciente, paralisa, petrifica, trava. Mais do que pensar em desistir nesse momento, cabe considerar que talvez... Apenas talvez... Aquele não fosse o melhor momento para escrever aquela parte, ou aquele capítulo, da sua história.

O nosso tempo é diferente, é único, e inventar é uma ação involuntária ao nosso instinto de se adaptar às situações, por mais difíceis que sejam. Sentir-se incapaz é normal, mas mergulhar de cabeça nas águas da invalidez sempre que algo parecido acontecer é autopunição, desespero, fator que simplesmente não ajuda e nem resolve a situação. Não à toa é um movimento natural do ser humano o cair, o abandonar dos próprios pensamentos, pois é de inanição que muitas ideias morrem.

Insistir é o grande desafio. Deve-se então criar um roteiro firme? A rigidez do roteiro não é sinal de força, mas representa sim a ideia de que a narrativa será mais propensa a quebrar, isto é, a ser refutada. Dar flexibilidade ao enredo, ao contexto e aos personagens da narrativa, é o próximo grande desafio. Mais do que contornar a dificuldade, despertar para a persistência parece ser um passo digno e consciente, e seguir um raciocínio coerente dentro desses três aspectos (enredo, contexto e personagens) é o objetivo. A flexibilidade, quando assegurada numa liberdade controlada, proporciona pensar de uma maneira construtiva no caminho da criação.

O chão em que se pisa deve ser conhecido, ou melhor, reconhecido dentro da própria proposta. É apenas na medida em que se escreve que conseguimos visualizar uma série de acontecimentos que antes parecem obscuros. Às vezes, alguns personagens vão sair do controle, como se ganhassem vida em nossa mente e se desgarrassem do papel, saltando a nossa frente de forma única e independente. Mas quanto aos personagens mais excêntricos é sempre interessante dar ouvidos sem dar cabimento.

Da experiência virá a capacidade de exercer uma autocrítica que não pode, sob nenhuma hipótese, ser pessoal demais, potencialmente autodestrutiva. Ela deve surgir sim do senso de coerência, muitas vezes atrelada a experiências literárias anteriores que visam apenas conhecer os acertos e excessos, ou seja, saber quando as coisas estão ou não estão indo bem. Essa sensibilidade pode e precisa ser desenvolvida, aprimorada.

Muitas pessoas pensam que escrever é um dom, uma espécie de superpoder, uma habilidade inata, mas o que propomos é apenas o produto final de muita técnica aprendida e desenvolvida com o passar do tempo. É claro que algumas pessoas podem possuir mais aptidão do que outras, mas os gênios e os pobres mortais não se ultrapassam: alguns sempre exercitam mais a linguagem do que outros. E o exercício nem sempre será a prática regular da escrita, mas sim a experiência adquirida durante a leitura ou análise de outras obras. Mas o exercício deve vir de forma controlada, a uma frequência "segura" que não prejudique o envolvimento da história, caso contrário a preguiça pode se tornar dominante e a ideia de desistir pode parecer ainda mais tentadora.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ajudante da professora

Não é que minha infância tenha sido diferente da do resto do mundo, mas o fato é que eu nunca me senti alguém normal. Ainda no pré-escolar, haviam outras 32 crianças que estudavam comigo. A cada dia do mês, dependendo da ordem alfabética da lista de chamada, um(a) aluno(a) era escolhido(a) para ser ajudante da professora . As tarefas de um ajudante eram simples: apagar o quadro negro; buscar água para a professora; garantir que os colegas de classe voltassem para a sala após o recreio; e outras tarefas simples como essas. Meus colegas de classe viam no fato de ser ajudante uma oportunidade de serem mais "respeitados". Era como se tornar o braço direito da xerife em uma região de desigualdades. Ser elegido como ajudante era equivalente a ser condecorado, pelo próprio presidente da república, com uma medalha por salvar a pátria. Entretanto, eu não pensava da mesma forma. Para mim, era um verdadeiro castigo ser ajudante da professora! Quando cr...

Diagramação e-book: kindle create

Certa vez, ao conversar com alguém sobre as minhas publicações, me ocorreu a noção de que os processos gratuitos de produção que utilizo (como autora independente) podem ser um mistério para muita gente. Pensando em ajudar pessoas como eu, que não dispõem de muito recurso financeiro para produzir seus livros, decidi hoje falar sobre a plataforma de diagramação gratuita que uso para a criação dos meus ebooks: o Kindle Create. Logo Kindle Create . Clique aqui para acessar a fonte da imagem . Acesso em 14 março 2025. Esse programa, vale ressaltar em primeiro lugar, aparentemente foi desenvolvido pela própria plataforma em que publico gratuitamente os meus ebooks, ou seja, o Kindle Direct Publishing (KDP). Essa plataforma, por sua vez, é propriedade da empresa Amazon e por isso os meus ebooks ficam disponíveis apenas (exclusivamente) na loja da Amazon (amazon.com.br). Em função disso, eu não saberia dizer se o arquivo final (disponibilizado pelo programa em formato de epub para exportação)...

As línguas da ficção

"A criação de mundos" 10 de abril de 2018 Para escritores, principalmente do gênero fantasia, a criação de uma língua "inédita" ajuda na contextualização e verossimilhança da narrativa. Na literatura moderna, pude ver com George R. R. Martin alguns dos principais aspectos linguísticos a serem considerados durante esse árduo processo de composição. Antes de qualquer coisa, vamos ver alguns desses mencionados aspectos linguísticos no vídeo a seguir, do canal Nerdologia : Como bem explica o vídeo, Tolkien foi e continua a ser um parâmetro para esse quesito. Ele chegou a criar inúmeras línguas, ao ponto de tornar suas narrativas apenas um reflexo dessa criação. Isso porque, de fato, as línguas contam histórias . Não é difícil precisar apenas uma razão responsável por tornar línguas, como exemplo o português e o espanhol, tão próximas em questão de ortografia e sintaxe. Além de Portugal e Espanha terem mantido relações políticas importantes durante sua história, isso pod...