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Minha experiência com "A Cabana"

Ao final de A Cabana deparei-me com um pedido. Um grupo, provavelmente de fãs da obra, pedia para compartilhar com outras pessoas as suas experiências particulares com o livro em questão, para que assim se possa demonstrar como ele afetou ou transformou nossas vidas. Prontamente decidi aceitar a proposta e venho aqui deixar claras as minhas experiências com esse livro.

Bem, eu perdi meu bisavô aos três anos de idade, mas embora não tenha muitas lembranças dele, cresci ouvindo as "estórias" que ele contava, já que minha bisavó sempre as narrava para mim. Ele era pescador, porém somente depois de crescer foi que considerei a chance de haver certo exagero no que ele contava. No entanto, como toda criança, eu não conseguia discernir o imaginário da realidade, então todas as estórias dele me fascinavam e pareciam verídicas.

Eu ia dormir à noite pensando nos seres que ele costumava descrever, ia para a escola com o mesmo pensamento e tudo o que eu lia alimentava ainda mais a crença de que as estórias eram reais. Quem diria que anos depois, quando finalmente aprendi a separar a minha imaginação do mundo real, esses mesmos sentimentos fossem ressurgir enquanto lia A Cabana. Isso porque, assim como as estórias de pescador do meu bisavô, não dá para saber se a história descrita foi verdade, ou mesmo até que ponto tudo foi figurativo, metafórico ou exagerado.

Minha convivência com Deus passou a ser diária somente há alguns anos atrás, pois antes eu não o compreendia e por isso não o procurava. Lembro que quando esse livro saiu todo mundo ao meu redor estava lendo e por não querer aderir a "modinhas" eu preferi não arriscar. Isso foi em verdade a minha salvação, pois tenho certeza que naquela época, que foi na época em que eu não conhecia Deus, eu jamais teria compreendido o Papai que se apresenta nesse livro.

Tudo começou quando encontrei este livro por apenas 10 reais. Decidi dar-lhe uma chance e comprá-lo, mas ele ficou vários dias na minha estante, junto com os outros vários títulos que guardo, esperando uma oportunidade de agir. Hoje penso o quão ridícula foi essa minha atitude. Era como se, durante esse tempo todo, Deus houvesse sido mantido encostado numa estante, juntando poeira e aguardando entre tantos outros nomes por uma chance.

Envergonho-me de confessar que o que me instigou a ler foi saber que haveria um filme baseado nele, e não um instinto de me aproximar de Deus. Mesmo assim, ao final, foi reconfortante saber que ainda que não O visse, Ele estava ali e que era mais, e  maior, do que um nome encostado em minha estante.

A Cabana, definitivamente, oferece uma experiência única a cada leitor, porque todos têm uma forma particular de enxergar a Deus. Em mim, enquanto me fazia voltar a ser a criança curiosa que deixei para trás em algum tempo, mudava por outro lado tudo o que eu achava que conhecia sobre Ele. Houve uma mudança aqui dentro, que acabou sendo externada para o mundo lá fora. Houve a expansão de um sentimento que nunca havia provado antes, um amor imensurável do qual me tornei dependente. Houve a percepção do quanto sou pequena e no tanto de fé que emprego desnecessariamente nas regras tolas e nas estruturas que me cercam.

Por fim concluo que Papai é completamente diferente de qualquer descrição que já tenha ouvido sobre Deus. Mesmo assim, infelizmente, não há como descrevê-lo, assim como não há como descrever o amor que é capaz de oferecer. Simplesmente não dá para restringir a palavras, nem se quer é possível conjecturar uma forma de caracterizar tal sentimento. Tudo o que precisamos saber, no entanto, é que Ele sempre estará conosco, nas horas ruins e nas boas, nas horas péssimas e ótimas, mas também que é Pai e que por isso precisa do amor incondicional dos seus filhos. E a melhor forma de obter esse sentimento é conversando com Ele, pedir perdão pelos erros e levantar-se todas as vezes que as nossas falhas o machucarem de alguma forma.

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